terça-feira, 7 de junho de 2011

Atividade de Literatura - Arcadismo

 
Atividade de Literatura:  Arcadismo

Leia os poemas a seguir e responda às questões lembrando-se do que já aprendeu sobre poesia e seus recursos.

Destes penhascos fez a natureza
O berço, em que nasci: oh! Quem cuidara,
Que entre penhas tão duras se criara
Uma alma terna, um peito sem dureza!

Amor, que vence os tigres, por empresa
Tomou logo render-me; ele declara
Contra o meu coração guerra tão rara,
Que não me foi bastante a fortaleza.

Por mais que eu mesmo conhecesse o dano,
A que dava ocasião minha brandura,
Nunca pude fugir ao cego engano:

Vós, que ostentais a condição mais dura,
Temei, penhas, temei, que Amor tirano,
Onde há mais resistência, mais se apura.

COSTA, Cláudio Manuel da. A poesia dos inconfidentes – poesia completa de Cláudio Manuel da Costa.Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 1996, p.95.  

Responda:

1- Considerando a forma e conteúdo, comente os aspectos do poema.

2- Em que se baseia a antítese que marca o primeiro quarteto?

3- Quem seriam “os tigres” citados no quinto verso?

4- Observando os indicadores gramaticais, pode-se dividir o poema em duas partes: as três primeiras estrofes se distinguem da última. Comente as características de cada parte.

5- Qual é o “consolo” do eu poético, expresso na última estrofe?















Marília de Dirceu
Lira I                                                                                             Lira XIX (1ª parte)

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,                         Enquanto pasta alegre o manso gado,
Que vivia de guardar alheio gado;                              Minha bela Marília, nos sentemos.
De tosco trato, de expressões grosseiras,                     À sombra deste cedro levantado.
Dos frios gelos e dos sóis queimado.                                       Um pouco meditemos
Tenho próprio casal! E nele assisto:                                         na regular beleza,
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;                            Que em tudo quanto vive nos descobre
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,                                          A sábia Natureza.
E mais as finas lãs, de que me visto.
          Graças, Marília bela,                                         Atende como aquela vaca preta
          Graças à minha Estrela!                                     O novilhinho seu dos mais separa,
                                                                                     E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.
Eu vi o meu semblante numa fonte,                                          Atende mais, ó cara,
Dos anos inda não está cortado;                                                Como a ruiva cadela
Os Pastores, que habitam este monte,                          Suporta que lhe morda o filho o corpo,
Respeitam o poder de meu cajado.                                            E salte em cima dela.
Com tal destreza toco a sanfoninha,                             Repara como, cheia de ternura,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:                    Entre as asas ao filho essa ave aquenta,
Nem canto nem letra que não seja minha,                    Como aquela esgravata a terra dura,
           Graças, Marília bela,                                                       E os seus assim sustenta;
           Graças à minha Estrela!                                                  Como se encoleriza,
                                                                                       E salta sem receio a todo vulto,
Mas tendo tantos dotes da ventura,                                            Que junto deles pisa.
Só apreço lhes dou, gentil Pastora,
Depois que teu afeto me segura                                     Que gosto não terá a esposa amante,
Que queres do que tenho ser Senhora.                           Quando der o filhinho o peito brando,
É bom, minha Marília, é bom ser dono                          E refletir então seu semblante!
De um rebanho, que cubra monte e prado;                                  Quando, Marília, quando
Porém, gentil Pastora, o teu agrado                                             Disser consigo: ”É esta
Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.          De teu querido pai a mesma barba,
              Graças, Marília bela,                                                      A mesma boca, e testa.”
              Graças à minha Estrela!

casal:pequena propriedade rural
Alceste:outro pseudônimo de
Cláudio Manuel da Costa



















Lira XV (2ª parte)

Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua Aldeia;
Vestia finas lãs e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.

Para ter que te dar, é que eu queria
De mor rebanho ainda ser dono;
Prezava o teu semblante, os teus cabelos
Ainda muito mai9s que um grande trono.
Agora que te oferte já não vejo,
Além de um puro amor, de um são desejo.

GONZA,Tomás Antonio.A poesia dos inconfidentes.Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 1996,p. 573.

Responda:

1- Sobre a Lira I da primeira parte:
a) Os dois versos curtos que finalizam o fragmento soa repetidos em todas as estrofes da composição.Que nome recebe? Qual a sua função?
b) Indique pelo menos uma característica temática do Arcadismo presente na estrofe.Justifique a resposta com elementos tirados do texto.

2- Faça uma análise da primeira estrofe da Lira XIX a partir dos adjetivos usados por Gonzaga.

3- A natureza é sábia e nos ensina que as fêmeas vivem para a reprodução; esta é a idéia básica da segunda e da terceira estrofes da Lira XIX.Qual a relação destas com a quarta estrofe?

4- A partir da análise da quarta estrofe da Lira XIX, você diria que a visão de mundo de Dirceu / Gonzaga é patriarcalista? Justifique sua resposta.

5- Marília de Dirceu apresenta duas partes distintas, tendo como marco a prisão de Gonzaga. Faça uma análise da Lira XV da segunda parte. Percebe-se nela a passagem do poeta pela prisão? Justifique sua resposta.

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