ATIVIDADE DE
RECUPERAÇÃO PARALELA DE REDAÇÃO – 1º ANO/2º TRIMESTRE
NOME___________________________________
Nº_______ CLASSE ___________.
PROF. SEMÍRAMIS
Valor: 2,0
Leitura e
Interpretação de texto
Titia em apuros
Minha tia
Valda, uma robusta senhora de 68 anos, gostou de uma camisa pólo que viu na
vitrine de uma loja de artigos masculinos. Entrou e pediu para experimentar.
- Infelizmente não temos o seu tamanho nessa cor- respondeu o vendedor solícito.
Não sei se é uma maldição que persegue a nossa família, mas nunca conseguimos os artigos que nos atraem nas vitrines. Não tem a cor ou não tem o modelo ou não tem o tamanho. Uma ocasião, apaixonei-me por um sapato que vi numa vitrine em Copacabana. O vendedor fez-me sentar e apareceu com outro modelo (achando que ia me levar na conversa).
- Quero aquele da vitrine!
- Infelizmente- disse ele- , aquele nós só temos um pé!
É ou não é uma maldição? Acontece de tudo para frustrar os desejos de consumo da nossa família. É inacreditável, um sapato na vitrine sem o seu par. Levantei-me e reagi, carregado de indignação:
- O que houve com o outro pé? Venderam para o Saci?
Tia Valda mal iniciou a ação de bater em retirada, e o vendedor logo despejou um monte de camisas à sua frente .
- Temos essa verde... essa lilás... essa que chegou agora, cor telha, é a última novidade- foi dizendo o vendedor, abrindo as camisas diante da titia. - A senhora deve ficar muito bem de lilás.
Tia Valda preferiu a preta. Pegou a camisa e viu a letra P na etiqueta. Perguntou se não tinha M. Não tinha, mas pra não perder a comissão, o vendedor preferiu dizer que P era o tamanho da titia. Qualquer vesgo verificaria que tia Valda, com seu corpo de halterofilista búlgara, não caberia dentro daquela camisa. O vendedor, porém, veio com a conversa de que o fabricante fazia números maiores e coisa e tal. Titia acreditou e se enfiou no cubículo de experimentar roupas, que só não se confunde com uma solitária porque há uma cortina no lugar de grades. Vestiu a camisa, constatou que o P significa P mesmo e, no momento de retirá-la, ela ficou presa no meio do caminho, cobrindo a cabeça de titia.
Tia Valda ainda insistiu, debatendo-se entre as paredes do cubículo, mas a camisa encalhara como um navio num banco de areia. Braços erguidos, rosto coberto, titia começou a sentir calor, falta de ar e foi entrando em pânico. Para não sair da cabine às cegas, feito um boi-bumbá, resolveu gritar. Mas gritar o quê? Nunca tinha estado numa situação dessas. O que gritar quando se luta desesperadamente com uma camisa? Sem se lembrar de nada em especial, encheu os pulmões e berrou:
- Socorro! Socorro!
Era de ver: a loja inteira despencou na direção da cabine, vendedores, fregueses, até a moça do caixa foi atrás. Não se podia pensar num assalto: não cabem duas pessoas nessas cabines. Talvez uma barata. O vendedor que a atendia puxou a cortina e surgiu tia Valda, braços levantados, cabeça coberta, rodopiando feito uma vaca brava.
- Momentinho- pediu o vendedor-, fique calma que nós vamos ajudá-la.
Ele tentou puxar a camisa, mas a essa altura tia Valda tinha o corpo empapado de suor e a camisa resistiu mais do que um burro empacado.
- Eu puxo aqui e você puxa daí - disse para o gerente. Os dois se esforçavam, mas a cada puxão a velha ia junto com a camisa.
- Alguém aí, por favor, segure a madame- pediu o vendedor, recebendo de pronto a colaboração de vários voluntários. Tia Valda bufava no meio daquele sufoco e estava vendo a hora que iriam lhe arrebentar o sutiã. Na sua idade já não se sentia à vontade para fazertoplessnuma loja de artigos masculinos.
- Por que não cortam essa camisa? - perguntou alguém do grupo de voluntários que seguia cambaleando pela loja, empencado em tia Valda.
- Não precisa cortar, nós vamos dar um jeitinho - disse o vendedor, que já suava mais que titia e que não queria pagar a camisa.
A essa altura, já havia uma multidão à porta da loja assistindo à cena. Muita gente não entendia o que se passava, ao ver um grupo de homens agarrados a uma senhora de braços erguidos, entalada por uma camisa. Uma velhinha, na porta, imaginou, com toda a razão, que o grupo estava querendo despir tia Valda para violentá-la na loja, e resmungou:
- Esses vendedores são uns tarados!
A confusão aumentava. Tia Valda, camisa grudada no corpo, pedia que chamassem o Corpo de Bombeiros. Alguém sugeriu que sentassem titia.
- Amarrem essa velha numa cadeira!
Depois de muito esforço, a camisa acabou sendo rasgada, para alívio de tia Valda, que arfava como se tivesse passado todo esse tempo debaixo d'água. Ela agradeceu os aplausos e voltou à cabine para se recompor. No momento em que abotoava a blusa, viu um braço varando a cortina do cubículo. Era o vendedor, entregando-lhe uma camisa e dizendo:
- A senhora não gostaria de experimentar esse outro modelo?
Carlos Eduardo Novaes
- Infelizmente não temos o seu tamanho nessa cor- respondeu o vendedor solícito.
Não sei se é uma maldição que persegue a nossa família, mas nunca conseguimos os artigos que nos atraem nas vitrines. Não tem a cor ou não tem o modelo ou não tem o tamanho. Uma ocasião, apaixonei-me por um sapato que vi numa vitrine em Copacabana. O vendedor fez-me sentar e apareceu com outro modelo (achando que ia me levar na conversa).
- Quero aquele da vitrine!
- Infelizmente- disse ele- , aquele nós só temos um pé!
É ou não é uma maldição? Acontece de tudo para frustrar os desejos de consumo da nossa família. É inacreditável, um sapato na vitrine sem o seu par. Levantei-me e reagi, carregado de indignação:
- O que houve com o outro pé? Venderam para o Saci?
Tia Valda mal iniciou a ação de bater em retirada, e o vendedor logo despejou um monte de camisas à sua frente .
- Temos essa verde... essa lilás... essa que chegou agora, cor telha, é a última novidade- foi dizendo o vendedor, abrindo as camisas diante da titia. - A senhora deve ficar muito bem de lilás.
Tia Valda preferiu a preta. Pegou a camisa e viu a letra P na etiqueta. Perguntou se não tinha M. Não tinha, mas pra não perder a comissão, o vendedor preferiu dizer que P era o tamanho da titia. Qualquer vesgo verificaria que tia Valda, com seu corpo de halterofilista búlgara, não caberia dentro daquela camisa. O vendedor, porém, veio com a conversa de que o fabricante fazia números maiores e coisa e tal. Titia acreditou e se enfiou no cubículo de experimentar roupas, que só não se confunde com uma solitária porque há uma cortina no lugar de grades. Vestiu a camisa, constatou que o P significa P mesmo e, no momento de retirá-la, ela ficou presa no meio do caminho, cobrindo a cabeça de titia.
Tia Valda ainda insistiu, debatendo-se entre as paredes do cubículo, mas a camisa encalhara como um navio num banco de areia. Braços erguidos, rosto coberto, titia começou a sentir calor, falta de ar e foi entrando em pânico. Para não sair da cabine às cegas, feito um boi-bumbá, resolveu gritar. Mas gritar o quê? Nunca tinha estado numa situação dessas. O que gritar quando se luta desesperadamente com uma camisa? Sem se lembrar de nada em especial, encheu os pulmões e berrou:
- Socorro! Socorro!
Era de ver: a loja inteira despencou na direção da cabine, vendedores, fregueses, até a moça do caixa foi atrás. Não se podia pensar num assalto: não cabem duas pessoas nessas cabines. Talvez uma barata. O vendedor que a atendia puxou a cortina e surgiu tia Valda, braços levantados, cabeça coberta, rodopiando feito uma vaca brava.
- Momentinho- pediu o vendedor-, fique calma que nós vamos ajudá-la.
Ele tentou puxar a camisa, mas a essa altura tia Valda tinha o corpo empapado de suor e a camisa resistiu mais do que um burro empacado.
- Eu puxo aqui e você puxa daí - disse para o gerente. Os dois se esforçavam, mas a cada puxão a velha ia junto com a camisa.
- Alguém aí, por favor, segure a madame- pediu o vendedor, recebendo de pronto a colaboração de vários voluntários. Tia Valda bufava no meio daquele sufoco e estava vendo a hora que iriam lhe arrebentar o sutiã. Na sua idade já não se sentia à vontade para fazertoplessnuma loja de artigos masculinos.
- Por que não cortam essa camisa? - perguntou alguém do grupo de voluntários que seguia cambaleando pela loja, empencado em tia Valda.
- Não precisa cortar, nós vamos dar um jeitinho - disse o vendedor, que já suava mais que titia e que não queria pagar a camisa.
A essa altura, já havia uma multidão à porta da loja assistindo à cena. Muita gente não entendia o que se passava, ao ver um grupo de homens agarrados a uma senhora de braços erguidos, entalada por uma camisa. Uma velhinha, na porta, imaginou, com toda a razão, que o grupo estava querendo despir tia Valda para violentá-la na loja, e resmungou:
- Esses vendedores são uns tarados!
A confusão aumentava. Tia Valda, camisa grudada no corpo, pedia que chamassem o Corpo de Bombeiros. Alguém sugeriu que sentassem titia.
- Amarrem essa velha numa cadeira!
Depois de muito esforço, a camisa acabou sendo rasgada, para alívio de tia Valda, que arfava como se tivesse passado todo esse tempo debaixo d'água. Ela agradeceu os aplausos e voltou à cabine para se recompor. No momento em que abotoava a blusa, viu um braço varando a cortina do cubículo. Era o vendedor, entregando-lhe uma camisa e dizendo:
- A senhora não gostaria de experimentar esse outro modelo?
Carlos Eduardo Novaes
Os sentidos do texto
1- Copie e complete o quadro a seguir
relacionando as intenções do vendedor às estratégias empregadas por ele.
Intenções
|
Estratégias
|
Convencer tia Valda a
Experimentar a camisa cor telha.
|
Afirmar
que aquela cor era
a última novidade.
|
Convencer tia Valda a
experimentar a camisa lilás.
|
|
Convencer tia Valda a
experimentar a camisa P.
|
2- Encontre no texto a frase que
explica por que o vendedor era tão insistente.
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3-O narrador faz um intervalo no
relato da história vivida por tia Valda para contar um outro episódio.
a)Que episódio é narrado por ele?
_________________________________________________________________________________
b)Qual a relação entre esse episódio
e a situação vivida por tia Valda?
_________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________
c)Compare a atitude do vendedor que
atendeu tia Valda à atitude do vendedor que atendeu o narrador no episódio da
compra de sapatos.
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4- A quem o narrador se dirige quando
faz a pergunta em destaque a seguir?
“É ou não é uma maldição?”
O que ele pretende ao fazer essa
pergunta?
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5- Que atitude da multidão que
observava a cena da porta indica que as pessoas ficaram solidárias à tia Valda?
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